quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Educação $$$$

Estou aqui no CCInt, tomando mokaccino e comendo bisnaguinhas, pensando na conversa que tive com meu amigo Rodrigo ontem.
Nós dois damos aulas particulares, eu de português e ele de espanhol, e estávamos comentando sobre o mito do "super professor". Os pais costumam contratar uma aula emergencial, de duas horas cansativas, um dia antes da prova, e têm verdadeiros chiliques quando o filhinho não vai bem...

Isso me lembra quando eu tive pneumonia e perguntei, depois que a médica diagnosticou, se ela ia me passar algum remédio. Ela me olhou bem nos olhos, antes de soltar: "Claro, ou você acha que só por me ver já ficou melhor?"

Bom, não foi bem isso que eu quis dizer na época, mas tudo bem. A questão é que às vezes sinto que as aulas particulares parecem muito com isso. Alguns alunos (dentre eles, adultos também) que acham que vão saber a matéria só porque sentaram na minha frente. Muitas vezes são dispersos, falam sobre o jogo do corinthians em aula, não levam material e não fazem os exercícios que eu peço.

Até aí, valha-me Deus, sou paga do mesmo jeito. O problema é quando vem a nota da prova... E depois de alguns meses de aulas o aluno tira a mesma nota de sempre. Daí, ai de mim, que vou aturar perguntas e mais perguntas, e-mails e reclamações com a coordenação do centro de estudos...
Tudo bem que eu entendo que não é barato mesmo bancar aulas particulares, e que quando você paga por um serviço você quer resultados. A questão é que, se existisse uma forma de aprender sem esforço ou de transferir conhecimento sem aplicação de ambas as partes, eu saberia grego, oras! =P

Cheguei a ouvir de uma mãe: "Eu trabalho em cima de resultados, professora."

Bom, talvez isso servisse em uma empresa, sei lá, não sou executiva, sou educadora. E educação é um processo, não um ponto (permitam-me, porque realmente não me aguento: educação é um imperfeito, não um aoristo).
E não, não estou me queixando. Sei que nesta sociedade capitalista, cada um vende o que pode. Minha prestação de serviços, minha "mercadoria"é o conhecimento que tenho e que meus alunos necessitam. Tudo bem. Sei que quantifico isso em horas como qualquer trabalhador, esforço+ tempo despendido = valor monetário X pelo meu serviço. E sei também que como "cliente", "consumidor", os pais têm direito de exigir algumas coisas.

Mas, acredito eu, essas "coisas" deveriam ser meu esforço pessoal, metodologia, pontualidade e por assim vai. Como eu posso assegurar resultados, se não sou eu que faço a prova?
É como se você brigasse com sua nutricionista, que fez uma dieta para você que você não seguiu, porque você não emagreceu.

E não culpo as crianças. Afinal, eu ia ficar feliz da vida se meu chefe brigasse com os docentes que vêm tirar visto aqui, quando eu não fizesse direito minha parte. É meu chefe que tem que saber quando puxar a minha orelha e quando colocar limite nos atendidos.

Nossa, divaguei muito? Desculpe. Nem sei se este post está coeso O_o

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